Os “quilhõezinhos” de São Gonçalo de Amarante

+Amarante

“Os quilhõezinhos (testículos) de S.Gonçalo são bolos de trigo, que se vendem na feira de São Gonçalo, em Amarante. Assemelham-se aos do carneiro. Custam dez, vinte, quarenta réis, conforme o tamanho. Já não se lhes liga superstição: as raparigas pedem que lhos comprem. (Há os de prata no Museu Etnológico.) São-Gonçalinho é uma figura de massa que representa um homem com as mãos nas ancas com uma pena pintada na cabeça: preço 20 réis. Deve ser a esta figura a que se refere a quadra que começa:

"Se fordes a S.Gonçalo

Trazei-me um sangonçalinho…”

Retirado de:

ETNOGRAFIA PORTUGUESA

Amarante é conhecida pela cidade que acolheu S.Gonçalo. Considerado beato pela Igreja católica (Beato Gonçalo de Amarante) e com fama de casamenteiro a vivência dele é a festejada pelos amarantinos, todos os anos, no primeiro fim-de-semana de junho. Estas festas, também conhecidas por festas do Junho são as mais importantes da cidade. Altura do ano que reúne milhares de pessoas no centro histórico, realizam-se várias atividades religiosas, mas também são várias as brincadeiras. Entre o sagrado e o profano encontramos, então, os doces fálicos.

Este doce é presença habitual nas romarias de Amarante e está associado ao culto pagão a S.Gonçalo. É ao padroeiro do concelho que estão ligadas as crenças e rituais relacionados com a fertilidade, que remontam à época Romana ou mesmo às sociedades Pré e Proto-históricas. Assim, a São Gonçalo são atribuídos dotes de casamenteiro, sobretudo das “velhas”. A lenda diz que uma mulher solteira tem que tocar com qualquer parte do corpo no túmulo de S.Gonçalo para conseguir arranjar um noivo, no espaço de um ano.

No tempo da ditadura, a venda e exposição do doce era proibida e só eram vendidos durante as romarias. Não havia as gargalhadas à volta do doce e o seu nome não era pronunciado. Atualmente este bolo é confecionado em algumas pastelarias da cidade, cujas receitas divergem entre si, tendo apenas em comum alguns ingredientes e a forma.